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Road Safety Management

Contribution Description

Venho por este meio dar um contributo, sobre o que penso, sobre o que tenho lido sobre matéria de segurança rodoviária a nível nacional e internacional.

Gostaria de começar por dividir a questão sobre a segurança ativa (prevenir acidentes) e falar sobre as categorias de veículos diferentes e sobre o código da estrada.

Na primeira, temos forçosamente de dividir a segurança sobre os diversos tipos de veículos.

Começando pelos pesados, todos sabemos que estes não curvam nem têm a mesma capacidade de travagem que um ligeiro. Pelo seu peso e força centrífuga, a sua travagem é sempre prolongada (quanto mais pesado, mais longa é a travagem e maior a possibilidade de os pneus não aguentarem com a mesma travagem brusca até porque utilizam pneus recondicionados).
Assim, não podemos em situação alguma permitir que o um pesado circule à mesma velocidade que um ligeiro.
Isto acontece já na velocidade limite em autoestradas. Mas e nas outras?
Na VCI, no Porto, assim como nas suas variantes de entrada (A28, A1, Via Norte) todos podem por exemplo circular a 80kms/h. Quando há uma situação de emergência, todos travam a fundo, mas os pesados não têm a mesma capacidade de travagem.
Assim como estas estradas são perigosas, com pontos de má construção.
É imprescindível que um pesado tenha uma velocidade limite inferior.
Baixaram e mal, a meu ver, a velocidade limite dos ligeiros de 90 para 80 km/h mas esqueceram-se de diferenciar os veículos.
Ora, na VCI, por exemplo, os pesados deveriam ter obrigatoriedade de circulação à direita, sem ultrapassagem possível e com limite máximo algures entre os 50 e 60km/h. Não só o número de acidentes aqui é muito elevado, mas também quando ocorrem causam mortes facilmente e interrompem totalmente a circulação na via.
Por outro lado, incentivaria os pesados a contornarem a cidade, por outras vias, em vez de circularem pela VCI, AEP, via Norte, sempre que possível.
A VCI foi só um exemplo, mas em Lisboa na segunda circular e em tantas outras estradas deste país, se o limite para um ligeiro é de 90km/h, o mesmo limite não pode ser aplicado a um pesado.

Já agora, aproveito para informar, que vemos continuamente transportes indevidos, mal acondicionados, granulados a serem libertados e especialmente contentores apenas pousados em reboques sem as clavículas de segurança acionadas que os prendem ao camião.

Aplicado especialmente aos ligeiros, mas não só, existem algumas regras que as autoridades devem ser realmente implacáveis.
– A utilização do telemóvel na mão enquanto conduzem: (especialmente fora de cidade)
Já existem países que suspendem a carta a estes condutores. Quem anda de mota vê continuamente esta situação, especialmente a consultar a internet e a enviar SMSs. Digo-vos que por experiência própria é assustador ver como os carros corrigem a rota repentinamente por estarem distraídos.

– A entrada em vias rápidas tem sempre uma faixa de aceleração com um sinal de dar prioridade.
Ora isto tem sido ignorado e é já cultural. Os condutores entram na faixa de aceleração e os outros é que têm de parar. Muitas vezes atiram-se imediatamente para a faixa do centro ou da esquerda.
É preciso as autoridades reeducarem os condutores a penalizarem fortemente estas situações.

– Ainda relativamente ao ponto anterior, o facto de os condutores nunca utilizarem a faixa do lado direito. É preciso que se deixem os avisos de lado e autuarem.

Relativamente aos motociclos, também uma palavra:

Os condutores têm de ser responsabilizados e sensibilizados para a existência dos motociclos.

Recomendaria em primeiro para assegurar a segurança destes:
Os motociclos existem, são mais económicos e contribuem para a diminuição dos congestionamentos.
Já se deu um passo na permissão das vias de BUS para os motociclos, mas sugeria outra.
Há já casos de outros países em que o motociclo lhe é permitido ultrapassar quando o trânsito está parado numa autoestrada. Ora, isto vai acontecer sempre, é a grande vantagem do motociclo e quem puder usar, deve faze-lo e usufruir dessas vantagens.
Mas convinha oficializar sobre a forma como isto se faz. Pela via da esquerda, sendo os automobilistas obrigados a deixar um espaço ao seu lado esquerdo? Pela faixa de emergência, salvo a passagem de veículos de emergência? Livremente entre qualquer faixa? A melhor forma é discutível, a sua proibição é que não.
A oficialização de como esta passagem se faz seria benéfica, incentivaria até a utilização de motociclos, contribui para a segurança de todos e menor número de danos por acidentes desta natureza.
No Reino Unido, por exemplo, esta prática é permitida.
Proibir é apenas uma forma de angariação de coimas, quando toda a gente o faz.
Vamos acabar com o falso moralismo, aceitar o facto e garantir a segurança de todos!

 

Gostava ainda de tocar aqui num conjunto de pontos diversos:

– A formação dos novos condutores é deficiente:
Quer seja mota ou carro, ninguém aprende regras de segurança ativa.
Ninguém sabe o que fazer se o carro foge de frente, situações de aquaplaning, e na realidade mal sabem estacionar em paralelo. A formação é dada para se passar num exame em que a dificuldade é não cair numa ratoeira de sinalização do código da estrada e nada tem a haver com o facto de se saber conduzir ou não.
A formação tem de ser mais exigente até por uma questão de civismo.
Podemos atuar ainda em algumas áreas:
– Quem fizer um curso de condução defensiva complemente pode circular a 130/140kms/h entre outros bônus que possam ser sugeridos. Quem não o faz, no primeiro ano de condução não pode ultrapassar os 100km/h. (ou medidas de compensação e penalização semelhantes) e não pode circular a mais de 120km/h.
O interesse será sempre a melhoria da formação e das capacidades dos condutores. Quanto mais cientes do perigo que correm, mais cumpridores são. Quanto melhor dominarem o veículo, menos acidentes.
– Fiscalização de aulas para que tal aconteça e especialmente dos exames.

– A causa dos acidentes relativamente às velocidades excessivas, dizem respeito às condições da estrada, meteorológicas, capacidades do condutor. Mas o que causa realmente o acidente é sempre a diferença entre a que os dois veículos se cruzam na ultrapassagem.
É preciso insistir na ideia da distância de segurança ao veículo da frente e ao cuidado no cruzamento de ultrapassagem entre dois veículos.
Mas as forças de segurança insistem em aumentar o número de radares móveis, não sinalizados. Aumentou-se imenso as receitas, a sinistralidade não desceu! Isto tem resultado em duas situações:
O condutor não vê o radar, é multado, recebe a multa muito mais tarde muitas vezes, entretanto contesta a multa, mas até lá desconhecia o facto e continua a conduzir da mesma forma que pode ser perigosa ou não. Circular a cima da velocidade limite nem sempre é perigoso, desde que se cumpram certas regras. Os condutores dos ligeiros de emergência do INEM fazem-no usualmente em segurança, por exemplo. Se for um condutor inconsciente e sem formação, continuará a colocar os outros em risco pelo menos até receber a coima em casa ou já causou entretanto um acidente grave e nem sabia do radar que passou.
A outra situação, é o condutor ver o radar em cima do acontecimento e tipicamente por instinto trava abruptamente, muitas vezes podendo causar acidentes gravíssimos. Já assisti a situação destas, por sorte sem acidente, na A4 em direção a Matosinhos.
A sugestão aqui é simples: As autoridades devem estar visíveis.
O jogo do gato e do rato serve para aumentar a remuneração do orçamento de estado, mas não serve para prevenir acidentes e mortes. As autoridades devem estar visíveis para que se evitem os acidentes e se chame à atenção dos condutores. O esconder é uma atitude de 3º mundo que está provado que em nada resulta na prevenção.

Assim como os limites de velocidade devem estar adaptados à realidade e jogar-se com a segurança da realidade da estrada.
Exemplos:
Se tiverem uma estrada larga de duas faixas de rodagem para cada lado, num ambiente amplo, e colocarem um limite de 30km/h qualquer condutor terá extrema dificuldade em cumprir com ‘este ambiente’, dando-lhe até uma sensação de sonolência. E são situações dentro desta, por exagero que faz com que muitos condutores não cumpram. Se colocarem lá um radar, vai render muitas coimas, mas não resultará em nada.
Se colocarem uma estrada de 3 faixas para cada lado e colocarem lá uma passadeira mal sinalizada, por mais que coloquem um limite de velocidade baixo por causa da passadeira, a situação também convida os condutores a não cumprirem.

A colocação de passadeiras em cima dos cruzamentos é também um problema. O condutor muitas vezes tem de estar em atenção a trânsito que vem de frente, dos dois lados e ao arrancar repentinamente, em situações de muito trânsito, ainda pode apanhar um peão a atravessar.

Outra questão que leva a ultrapassagens indevidas, são os transportes públicos. Os STCP no Porto e arredores têm zonas com paragens de autocarro de 200 em 200m. Isto não é eficaz a nível do funcionamento dos transportes públic, provoca imenso congestionamento de trânsito e leva a ultrapassagens arriscadas.
Ainda sobre os STCP, é surreal que existam paragens de autocarro em cima de cruzamentos. Qualquer acidente mais grave que haja num cruzamento pode ter consequências para quem está à espera de um autocarro na paragem.

Outro problema grave é a falta de uniformização do código da estrada com o resto da Europa.
Reparem que o número de acidentes em Espanha, nas rotundas, disparou abruptamente, visto que somos o único país da Europa a ter uma regra de circulação em rotundas diferente.
A regra implementada veio confundir, veio privilegiar o acelera que quase nem abranda à entrada da rotunda e quase desenha uma reta a passar para o outro lado, e em caso de uma das saídas da rotunda estar congestionada, bloqueia a passagem de circulação para todas as outras também.
Já que se uniformizou a carta e o sistema de pontos, poderiamos trabalhar para um código similar, para não haver confusões desnecessárias quando muitos portugueses saem para Espanha e França a conduzir.

Espero que seja tido em conta esta contribuição, efetuada com a melhor das intenções para que se implementem regras e procedimentos que contribuam para a segurança de todos.